quarta-feira, maio 30, 2007

CAVALGADA


Seu trote procura por mim, mas ele não vê que o observo sentada ao longe. Todos o olham, todos podem ver a beleza do seu porte, o brilho do seu pêlo.

Um alazão cor de chocolate é quem me leva pelo mundo. Eu seguro suas rédeas iludida pela sensação de que sou eu quem o guia. Nunca antes tinha sido conduzida com tamanha e imperceptível força.

Ele brilha no centro daquela enorme arena, relincha. Está desesperado pois não me encontra mais. Eu gosto de esperar e ver o que ele fará em seguida sem mim.

Agora meu cavalo tem uma fotografia nas mãos. Empina alto e a mostra ao público, desesperado. E diz: "Onde está ela? Quem viu?"

Porque meu condutor se perde sem sua conduzida, me pergunto. Assistindo ao seu desespero, me cresce a paixão por ele.

Volto ao seu lombo. Estou entregue. Recomeçamos nossa cavalgada sem fim. Sei que ele vai me mostrar o mundo, vai me levar para onde eu quero que ele vá comigo. Ele vai porque sabe que não importa o onde, e sim o caminho a ser vivido.

E eu penso que sei, mas só sei quando ele me leva. Só entendo quando chego a um outro lugar, diferente daquele para qual eu tinha nos guiado. É quando chego novamente ao começo de tudo que entendo que era lá que realmente eu queria chegar.

Desço do meu alazão cor de terra para agradecê-lo num beijo eterno.

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