QUAIS SÃO AS CORES DO SEU CORAÇÃO?
Futebol, o ópio do povo brasileiro. Mais do que religião, escolher e torcer por um time é para nós uma forma de nos firmarmos como pessoa. Faz parte de uma história pessoal, nos insere dentro de uma tribo. Nos aproxima de um monte de gente só porque escolhemos as mesmas cores de uma bandeira. E automaticamente nos faz adversários de quem canta um hino diferente.
É uma escolha, geralmente, que nos é transmitida de gerações passadas. Vemos nossos pais e avós torcendo com uma camisa especial, e algo no brilho dos seus olhos nos impele para fazer a mesma escolha.
Queremos desesperadamente fazer parte daquele grupo seleto de pessoas que gritam, pulam e torcem pelo mesmo ideal: a bola na rede. Mesmo sem saber ao certo porque esse sentimento é tão forte.
Queremos abraços e beijos na comemoração, apertar bem forte a mão de alguém um pouco antes daquele passe perfeito, cantar em coro a mesma canção, impulsionando nossos heróis do momento.
Aprendemos desde muito cedo, assim, que para vencer precisamos ter uma equipe, torcer junto e dar as nossas mãos. Passamos a acreditar cegamente num resultado só porque queremos muito. Aprendemos a ter fé.
Ao mesmo tempo a gente também quer gritar ordens, xingar quem errou e amaldiçoar o juiz. Ah, o juiz... Naquele momento do jogo ele desempenha uma função na torcida tão importante quanto nos jogadores em campo. No gramado é ele quem manda, ele dá as cartas. Na arquibancada ele é uma espécie de salvação da sanidade mental coletiva. Por 90 minutos podemos gritar todos os palavrões que nos seguramos em esbravejar durante toda a semana. Ele se transforma ao mesmo tempo no chefe chato, colega traíra, no namorado displicente ou na esposa cobradora. Lavamos a alma gritando com todos os pulmões aquilo que a sociedade não vê com bons olhos se fizermos todas as vezes que temos vontade.
E o mais importante! Queremos aprender a perder. Time que se preza ensina aos seus torcedores como perder. E não há nada mais valioso na vida do que saber perder. Isso pelo simples fato de que vamos perder muitas vezes ainda até nosso apito final.
E ao olhar pro nosso lado dessa grande arquibancada vemos que milhares de outras pessoas sofrem o mesmo sofrimento e choram as mesmas lágrimas. Aprendemos a oferecer nosso ombro ao torcedor do lado direito e a aceitar o apoio de outro ombro do lado esquerdo. E aí é só esperar pelo próximo jogo.
Esse não é o fim, existe sempre o próximo jogo.
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