sexta-feira, março 24, 2006

RECIFE É ROMILDO



Quanto mais viajo pelo mundo, mais conheço o ser humano. É o que fica permanentemente guardado na minha memória. E muitas vezes faço amigos que nunca mais vou encontrar, mas que em pouco tempo me conquistam como se fossem de longa data. E se você é alguém aberto, sensível e gosta das pessoas, já viveu algo parecido com o que vivi em Recife.
Chegamos ao aeroporto sem saber como iríamos rodar a cidade. No posto de informações peguei todas as indicações dos ônibus para se chegar aos pontos mais conhecidos, mas minha intenção inicial era conhecer Olinda, que fica a 20 minutos de Recife.
O engraçado é que o ponto de ônibus era num carrinho de pipoca, e o pipoqueiro foi o primeiro pernambucano que conhecemos. Alegre, prestativo e falador ele ficou ali nos dando as dicas para pegar o ônibus certo. A espera já estava ficando muito longa, e ele percebeu nossa inquietação. “Ôxe, porque vocês não vão de táxi?” Daí explicamos como nossa grana era curta e como esses taxistas eram careiros. Ele se virou para um senhor que estava andando, como quem não quer nada, pela plataforma do aeroporto, e perguntou: "Amigo, quanto é pra levar esses meus amigos pra Olinda, na camaradagem?"
O tal taxista, amigo do pipoqueiro, conseguiu nos convencer e nos levar para fora do aeroporto. Algo arriscado, mas estava na cara que ele era boa gente, não tinha a mínima pinta de ladrão. Tá certo que o carro dele era uma furrequinha, mas a gente não se importou com isso. Fomos conversando o tempo todo. Ele falava tão rápido e tão engraçado que fiz a maior força para responder na mesma língua. Contou que tem um neto, atentado, que jogou o celular dele no tanque. “Pense num menino que mexe em tudo? Pois é ele!”
A cada esquina, Romildo – esse era o nome dele – explicava alguma coisa sobre Recife. E nos levou aos pontos mais bonitos de Olinda, inclusive nos mostrou a bonita casa de um dos filhos mais ilustres da cidade, Alceu Valença. Nos indicou também um restaurante bom e barato, com uma vista muito bonita. Lá comemos o tal do “arrumadinho”, que é uma refeição com feijão verde, vinagrete, farofa, manteiga de garrafa, arroz e bifes de carne de sol. Um calor arretado, que me obrigou a beber uma cerveja. Depois, foi só apreciar o cenário carnavalesco de Olinda, capital brasileira da cultura, que mesmo depois de um mês da festa, ainda aproveitava o cenário em cada rua e casa antiga com seus bonecões gigantes.
Romildo nos esperava no carro enquanto eu comprava as primeiras das inúmeras lembrancinhas que comprei na viagem. Quando estávamos prontos, ele seguiu viagem para Porto de Galinhas. Lá ficaríamos cinco dias. O percurso foi tranqüilo e muito bonito. É bem diferente do visual do sudeste. Por lá reinam as plantações de cana de açúcar. E vez ou outra aparecem alguns vendedores de castanha de caju, o ouro daquela região.
Descemos do táxi felizes com este encontro com Romildo. Prometemos ligar para o telefone da filha dele, já que o dele... já era! Era certo o nosso reencontro com o melhor cicerone de Pernambuco no final desta viagem.


Continua na próxima sexta...

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