quarta-feira, fevereiro 27, 2008

DIA BOM



Café da manhã com pão fresquinho, primeiro sorriso do dia, cheiro de jornal novo, horóscopo e tirinhas, arrumar mochila do filho, levar pra aula com um beijo estalado na despedida, correr para academia, levantar pesos, abdominais doem mas sinto a barriga endurecer (isso não tem preço), correr na esteira, passar no supermercado pra comprar o lanche da tarde, açougue na sequencia, salão em seguida depilação, banho refrescante, cabelos molhados sem tempo pra escovar, programar o jantar com a empregada, beijo macio pra saída pro trabalho, respiro em frente ao computador, marco aula de Francês: começo amanhã.


E essa foi só a metade do dia.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

MAIS DE CEM CARNAVAIS


Para quem desfilou há poucos anos com os seios à mostra no carnaval da Sapucaí, poderia soar como uma ironia a afirmação de que antigamente o carnaval “era só putaria e mulheres peladas na avenida”. Não se essa pessoa for Dercy Gonçalves.

Ao vê-la nos seus 102 anos em plena forma, alegria e animação nos desfiles das campeãs do carnaval 2008 do Rio de Janeiro é impossível não se perguntar: como isso é possível? Existe limites para ela? Entre selinhos distribuídos a alguns fãs ela faz questão de não responder a essas perguntas e seguir sendo um instigante mistério.

Só foi possível obter resposta sobre a festa pagã mais famosa do mundo. Ela gosta mesmo de carnaval? Irreverente como é, disse que não gosta, não torce para ninguém, mas que estava muito curiosa em conhecer para onde foi a mudança do perfil dos desfiles dos últimos anos.

Em poucos minutos, Dercy conversa como se me conhecesse há anos. Basta dizer que sou de Minas Gerais, que ela segue elogiando o estado. “Morei durante vinte anos em várias cidades mineiras. Pouca gente sabe, mas passei por São Gonçalo do Suaçuí, São Lourenço, Cambuquira. Adoro o povo mineiro”. “Ah, então está explicado, Dercy, sua vitalidade vem das nossas famosas águas termais”. Ela sorri: “Pode ser, pode ser”.

Começa o desfile e já na sexta colocada, primeira a desfilar da noite, a Imperatriz prova que Dercy Gonçalves previa uma realidade: além de beleza o Carnaval é história. O enredo, que focalizou D. João VI e as diversas Marias que o cercaram é o mote para colocar em evidência os anônimos da avenida: muitos Joãos e Marias, rostos simples da comunidade carioca, que por alguns dias se transformam em personagens ilustres vestidos de luxo e beleza dos pés à cabeça. Nem um pouco anônima foi a rainha da bateria, Luiza Brunet, que surgiu na passarela do samba como uma aparição. Uma verdadeira deusa da beleza.

Unidos da Tijuca seguiu a noite mostrando que carnaval é também cultura. Uma das mais antigas agremiações do Carnaval Carioca defendeu em seu enredo que o ato de colecionar transformam objetos em documentos. Dercy Gonçalves repara que os integrantes das alas e dos carros não só desfilam. A Tijuca segue em coreografias elaboradas dignas de qualquer palco tradicional.

A noite se encerra para mim, que ainda não tenho 102 anos e sou menor de idade, no emocionante desfile da Portela. A escola vêm mostrar que carnaval também é alerta. Descrevendo a história da criação da natureza, descerre os patrimônios que o homem deixou escapar por entre os dedos. E para isso construiu carros gigantescos com animais enormes, que urravam e se mexiam como vivos. O que faz a tecnologia, heim, Dercy? Ela só abre os braços e faz uma reverência ao que vê. Se algo impressiona até a mais impressionante das criaturas de qualquer camarote, é fácil concluir porque essa festa arrasta milhões de pessoas de tantas partes do mundo.

Só resta a nós mortais aproveitar os breves momentos em que a bateria passa em frente ao nosso coração e deixá-lo bater no mesmo ritmo. Enquanto nosso corpo agüentar. O que espero ser por muito tempo.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Ouvi por Aí

Mini-histórias que parecem inventadas, mas que são verdade.

Conversa na hora do almoço
__A última vez que bebi vodca eu tinha 17 anos. Foi um porre inesquecível, nunca mais voltei a tomar. Era conhecida como vodca "desmaia quinze".
__ Aonde você encontrou essa tal de "desmaira quinze"?
__ Foi a minha avó quem me deu. Ela tinha uma caixa.
__ Sua avó, heim?!
__ Ela comprou do psiquiatra dela. Ele fez um precinho camarada.