O SHOW DA VIDA

Depois que fui ao novo show do Skank, em que eles lançaram o excelente cd Estandarte, me peguei recordando os shows a que já fui. Nunca me esqueci de nenhum. É que o show do Skank estava tão bom, com uma energia tão boa, que me perguntei por que não vou com mais freqüência a apresentações de artistas que gosto. A resposta óbvia sempre é falta de grana e mesmo quando tenho acho absurdo o preço de um ingresso, mas enfim, isso é outro assunto. No do Skank fiz uma retrospectiva de toda minha pré-adolescência e juventude até chegar a ser essa balzaca que vos fala. A música realmente nos transporta no tempo e traz para a pele da gente sensações que achava que não ia sentir mais, nem lembrar que elas existiam. Pois veja só o que outros shows me trouxeram:
Kid Abelha – Primeiro grande show que eu fui. Uma multidão nos espremia, eu e minha irmã praticamente flutuávamos de lá pra cá. Meu pai levou a gente, pra nossa proteção, e sim, desculpa pra ver a loira bonita que canta e que ele sempre teve uma quedinha.
Titãs – Festa louca num galpão. Foi ótimo, mas teve tanta confusão que jurei não ir a nenhum mais.
Mamonas Assassinas – Engraçadíssimo, uma diversão só. Lá conheci meu falecido ex. Ou seja, por causa dos Mamonas muita loucura aconteceu em minha vida. Muitas piadas de mau gosto, como as músicas, e final triste como o deles.
Marisa Monte – Fiquei muito emocionada e maravilhada com o cenário. Pena que fiquei um pouco longe dela, diva da música brasileira. Foi dela o primeiro CD que comprei na vida! Fui muito bem acompanhada pelo marido, que me dedicou a música número dois.
Maria Rita – Fui conferir o primeiro show dela em BH depois de uma entrevista inesquecível que fiz com ela antes dela começar de verdade a carreira. Fiquei impressionada com a semelhança com a mãe e a luz própria da moça, em adicional.
Jota Quest – já fui a dois shows deles. O primeiro foi o mais bacana, pois foi num clube daqui de BH e eles ainda eram pequenos e desconhecidos. Fiquei com a sensação de que em breve iam conquistar o Brasil, não sei por quê.
Julio Iglesias – o som estava péssimo e tive raiva do público mal educado que achou que estava numa festa e não numa apresentação. Quanto a ele, ainda está cantando muito, mas não faz meu estilo. Fui mesmo por obrigação social.
Sérgio Reis – Todas as músicas sertanejas de raiz me lembram a infância e a vida que meu pai conta que teve na fazenda. Nesse show pude relembrar as velhas fitas K-7 do meu pai e me impressionar com o berrante do Sérgio brilhando na luz do palco.
DobleU – Porque todo mundo tem um lado brega anos 90.
Fábio Jr. – Porque todo mundo tem um lado brega romântico. Com direito a gritinhos e a foto com autógrafo dele.

É isso, mas tô pedindo bis.

(IN)DIREÇÃO E (DES)ENCONTRO

“Porque alguém tão completamente apossada do incerto fixa raízes tão profundas?” Assim pensava ela, alma-passarinho/corpo-trepadeira, no caminho para seu trabalho, enquanto não descobria se ele ainda existia ou não. Se tinha futuro ou não. Se ela deveria insistir ou não. Na verdade se o não finalmente se transformasse em verdade, e não promessa, ela voltaria a não ter um rumo, de novo. E ao olhar para as pessoas indo e vindo pelas calçadas, atravessando as ruas, entrando e saindo de lojas, movendo e parando carros e motos se perguntou: “quantas dessas pessoas sabem para onde vão?”
O duro é achar que se tinha rumo antes de se sentir perdida, pois tal ilusão dura o tempo da formação de uma ruga, do branquear de um fio de cabelo, de uma longa dor de barriga, ou de qualquer sintoma que grite para ela mesma que não vale a pena tanto esforço. Mesmo que ela queira muito que desta vez, pelo menos desta vez, tenha acertado o tal rumo, a vida, como um ímã que se aproxima devagar, mostra a força de sua convicção. Então a empurra para um desconhecido maior, saindo da ordem, do esperado, do lógico. Para ela.
Aí, então, enquanto o corpo-trepadeira treme, se rompe um pedaço, se afrouxa um centímetro e por breves momentos permite à alma-passarinho breve flainar. Cresça, cresça, alma-passarinho... Não se aposse de rumo, e nem deixe que te apossem de ti.

Ponto alto do dia

* Fazer planos "impossíveis" com o marido logo de manhã.

O Ponto alto do dia

Primeiras 12 horas:

* Abraço do meu filho depois que ele se machucou, como que querendo se consolar e sarar somente com meus braços. Em seguida deitar ao seu lado para ler uma história...